sábado, 4 de dezembro de 2010

FOTOJORNALISMO: UMA ODE CONTRA A VIOLÊNCIA E PELA JUSTIÇA

por Liliane Pelegrini
fotos por Élcio Paraíso

Peço licença aos leitores para contar uma história que foge da programação normal deste blog. No domingo, dia 28, o arte-educador e rapper Hudson Carlos de Oliveira, o Ice Band, foi vítima de um espancamento brutal, em um tradicional bar do bairro Santa Efigênia, aqui em Belo Horizonte. Foram sete homens em cima de um, uma barbaridade que até hoje ninguém conseguiu digerir. Desde então, a sociedade civil e as entidades de luta pelos direitos humanos e pela igualdade racial têm se mobilizado para que o ocorrido não passe impune.

Ontem, uma multidão – formada por negros, brancos, índios, artistas, advogados, jornalistas, bancários etc, sem distinção de raça, gênero, profissão, enfim – se reuniu debaixo do Viaduto Santa Tereza, ali junto à Serraria Souza Pinto, num ato de repúdio à violência, com o pensamento especialmente focado no lamentável episódio narrado. A homenagem-manifesto aconteceu dentro da programação do já tradicional Duelo de MCs e contou com a participação de entidades de luta pelos direitos humanos e pela igualdade racial, além de amigos, artistas, comunicadores e diversos representantes da sociedade civil. Organizada pelo Centro de Referência Hip Hop Brasil, a Família de Rua e o Coletivo Nospegaefaz, a ação ainda marcou o lançamento da campanha Desarme a violência em você.

Durante a noite, líderes do movimento negro comoveram a plateia ao manifestarem solidariedade ao Hudson. Vice-presidente do Centro de Referência Hip Hop Brasil, do qual Hudson é o presidente, o rapper Blitz fez a leitura da moção de repúdio à violência, documento que já tem centenas de assinaturas, entre elas a de MV Bill. “Esta é a sociedade em que vivemos, mas não a que queremos para uma nação que pode ser realmente livre, justa e pacífica. Fazer da violência um episódio banal é ridicularizar a vida, desprezar o valor do outro, desqualificar o sentido imperativo de conviver tomando em conta a pluralidade. Uma sociedade não se faz com um amontoado de indivíduos que defendem seus pequenos interesses particulares, mas com cidadãos dispostos a aprender cada dia um pouco mais sobre si próprio sem ter que aniquilar seu semelhante”, discursou Blitz.

Nas redes sociais, o movimento em prol da Justiça só faz crescer. Uma das nossas colaborações – do fotógrafo Élcio Paraíso e desta que ora posta – para que essa história nefasta se esclareça e para que seja devidamente investigada vem em forma das fotos que ilustram este post e também estão na página do Flickr mantida pelo Élcio Paraíso. A fotografia é mais do que trabalho e arte, é instrumento de informação e divulgação de ideias, afinal.

Hudson é um cara que conhecemos há tempos. Além de ser um cara reconhecido pelo seu trabalho sócio-cultural nas periferias, principalmente com crianças e jovens, é marido de uma amiga, que também tem um histórico de trabalho pela valorização da cultura popular e pela igualdade racial. Mas lutar pela Justiça neste caso é mais do que olhar por um amigo, é tentar transformar uma ocorrência tão monstruosa em exemplo e, assim, colaborar para que muitas outras pessoas não tenham que passar pelo terror que é ser vítima de racismo e de agressão.


MANIFESTO DE REPÚDIO À VIOLÊNCIA

MANIFESTO DE REPÚDIO À VIOLÊNCIA

MANIFESTO DE REPÚDIO À VIOLÊNCIA

MANIFESTO DE REPÚDIO À VIOLÊNCIA


MANIFESTO DE REPÚDIO À VIOLÊNCIA

MANIFESTO DE REPÚDIO À VIOLÊNCIA

Nenhum comentário: